domingo, 17 de junho de 2012

Nos últimos 12 anos
– segundo directora nacional do INCAJU, Filomena Maiopuè
Por EURICO DANÇA


A directora nacional do Instituto Nacional do Caju (INCAJU), Filomena Maiopuè, disse que desde o ano 2000 a esta parte, a campanha finda 2011/12 foi a que registou a mais baixa produção da castanha de caju no país, cerca de 64 mil toneladas.
A título de exemplo, na época anterior, 2010/2011, o país produziu cerca de 113 mil toneladas da castanha de caju, considerada época que a produção atingiu o pico no país.
Filomena fez este pronunciamento ontem à margem da abertura da reunião nacional de planificação do INCAJU que termina hoje no distrito do Dondo, em Sofala, tendo justificado que a baixa produção deveu-se a alternância da cultura de caju, um comportamento natural da planta.
“Quando no ano anterior o cajueiro atinge o pico, no ano seguinte a produção baixa bruscamente. Este é o comportamento cultural de cajueiro” – justificou, precisando ser este um dos factores da baixa produção na campanha finda.
Para além da produção, segundo a nossa fonte, a comercialização na campanha passada também decresceu em cerca de 40 por cento, se comparada com a safra anterior, tendo apontado a crise económica e financeira que abalou o mundo no ano passado como tendo baixado a procura deste produto.
Outro factor referenciado por Filomena como tendo influenciado na comercialização tem a ver com a redução do preço da compra da castanha de caju ao produtor que passou de 19 meticais para 13 meticais cada quilograma.
“Este facto fez com que muitos produtores retivessem a produção à espera de oportunidade de outros preços que nunca mais surgiram por falta de dinheiro” – disse, precisando que neste momento grande quantidade da castanha de caju encontra-se nas mãos dos produtores.
Questionada sobre porque é que o Governo não intervém na fixação de preços da comercialização da castanha de caju, a fonte respondeu não ser este o papel do Governo, senão apenas monitorar o processo de produção.
“Temos associações de produtores que discutem o preço da venda da castanha de caju” – referiu.

PULVERIZAÇÃO

De acordo com a directora nacional do INCAJU, o Estado gasta anualmente cerca de cem milhões de meticais para a compra de insecticidas para a pulverização de apenas cinco milhões de plantas, dos 38 milhões existentes no país. Isto significa que 33 milhões de cajueiros ficam sem beneficiar de tratamento contra várias pragas.
Comentou que o Governo subsidia em cem por cento a compra de insecticidas que são distribuídos aos produtores. “A estratégia seria que todos os produtores, sobretudo comerciais, tivessem a capacidade de comprar sozinhos insecticidas, o que tornaria o sector cada vez mais forte” – disse Filomena.
No país a produção da castanha de caju envolve cerca de dois milhões de famílias que, segundo a directora nacional do INCAJU, têm vindo a melhorar as suas condições de vida com base na venda da produção da castanha e outros derivados do caju.
Prevê-se que neste ano sejam plantadas no país, para distribuição aos produtores, cerca de 2.5 milhões de mudas de cajueiros.

SITUAÇÃO EM SOFALA

Entretanto, a província de Sofala produziu na campanha 2011/12 cerca de 1.008 toneladas de castanha de caju, contra 5.400 toneladas da campanha anterior.
De acordo com o delegado provincial do INCAJU, Sifa Bernardo, as baixas temperaturas que se fizeram sentir na época passada que culminaram com a queda de granizos nos distritos de Chibabava e Búzi, considerados potenciais produtores da castanha de caju, influenciaram bastante na redução da produção.
Quando as condições climatéricas forem favoráveis, Sofala chega a produzir entre seis a sete mil toneladas da castanha de caju.
A reunião nacional de planificação do INCAJU que está avaliar o desempenho do sector na campanha finda, vai igualmente elaborar metas e o orçamento das actividades a serem executadas no presente ano.

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