segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Castanha-de-caju: produção e comercialização da safra potiguar 2011

A safra de castanha-de-caju no Estado do Rio Grande do Norte encontra-se em plena colheita. A perspectiva do setor é que a produção seja superior a 40.000 toneladas, representando crescimento em mais de 50% em relação à safra do ano passado (26.613 toneladas) que foi fortemente atingida pelas estiagens. Mesmo assim, a produção do Estado, mais uma vez, não será suficiente para atender à demanda de consumo pelos mercados interno e externo.
Novamente os produtores rurais passam por uma crise financeira. Isso devido à deficiência na organização do setor, sobretudo na atividade de comercialização da castanha-de-caju in natura, quando os agricultores recebem preços bem abaixo do custo de produção.
Essa situação encontra-se relatada no estudo e na pesquisa elaborados recentemente por este analista de mercado.
O trabalho acha-se disponível neste Portal, como também na Conab, UFPR, UFRN, UFERSA, FACEX, Emater, Secretaria Agricultura, Pecuária e Pesca - Sape, BNB e BB/RN.
Disponibilização de cópias por meio dos seguintes endereços: gzanza@supercabo.com.br e luis.costa@conab.gov.br. -www.portalmercadoaberto.com.br 14.11.201

Ponto de vista

14.11.2011| 01:30 - JORNAL O OPOVO _ PAGINA ECONOMIA

A cajucultura envereda aceleradamente pelo mesmo caminho da extinçãodo algodão arbóreo. Fundamentado na teoria equivocada de proteção do emprego urbano e industrial para a população de baixa renda, a cartelização dos beneficiadores na formação de preço da castanha de caju fez-se sentir mais acentuadamente a partir de 1995, agravado pelo fechamento periódico da exportação através das resoluções da Câmara de Comércio Exterior (Camex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) (Nº 26 de 16-10-2002 e Nº 31 de 20-10-2003), fechando quaisquer possibilidades de exportação da castanha.

O preço médio da castanha recebido pelo produtor no Ceará no período 1990-94 correspondia a 98% do preço médio mundial de US$ 810 a tonelada e no intervalo 2005-08 caiu para apenas 68% do preço médio mundial. Alijado da competição internacional e com preço recebido abaixo do custo de produção, o pequeno produtor rural sofreu descapitalização contínua durante 15 anos e paralisou a oferta da castanha.

A Câmara Setorial do Caju acompanha a execução da atual política de investimentos e subsídios aplicados ao desenvolvimento tecnológico e econômico da cajucultura. Além das ações desenvolvidas, novas medidas urgentes e inadiáveis devem ser tomadas por causa da sua importância social, para garantir a sobrevivência de 100 mil pequenos produtores rurais.

A medida mais urgente é a irrestrita abertura do mercado internacional, apoiando a exportação da castanha pelas organizações dos produtores. Eleger a castanha de caju como uma atividade econômica prioritária, ousar na política de preços mínimos, subsidiando-se a exportação e promover a elevação imediata do preço recebido.

Fazer gestões junto ao Ministério da Fazenda para resolver a questão central da mini-usina de beneficiamento comunitário de castanha de caju, mudando-se o atual critério de enquadramento da receita bruta anual máxima de R$ 360 mil para as microempresas (MP), propondo a adoção de um parâmetro mais compatível com o reduzido valor agregado (VA), para permitir o acesso ao crédito rural subsidiado, pois a mini-usina necessita de um capital de giro mínimo para a aquisição e armazenamento de pelo menos 600 toneladas a R$1,50/kg de castanha (faixa de empresa de pequeno porte-EPP), durante a safra de três meses.

Yoshio Namekata, engenheiro agrônomo

Produtores denunciam formação de cartel

Em plena safra da castanha produtores reclamam do preço do produto e da dificuldade de continuar produzindo
14.11.2011| 01:30 – JORNAL OPOVO _ PAGINA ECONOMIA
Produtores reclamam dos preços baixos pagos pelo quilo do produto, quevariam de R$ 1,10 e R$ 1,20. Alertam ainda que foram avisados que vai baixar para R$ 1 (BANCO DE DADOS)
Produtores de castanha de caju afirmam que a situação para quem produz o primeiro produto, isoladamente, da pauta de exportação do Ceará, é desesperadora. Insatisfeitos, denunciam prática de cartel para formação de preço e pedem que o Governo do Estado adote medidas urgentes para evitar que a cajucultura, assim como a cultura do algodão, desapareça dentro de poucos anos causando enorme prejuízo econômico e social.

Preço da castanha, que não remunera os custos de produção; lucro concentrado entre os atravessadores, especuladores e os industriais e a falta de adoção de tecnologias no campo por causa da falta de assistência técnica, aliado a idade avançada e a baixa produtividade dos pomares. Esses são os principais problemas apontados pelo vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Regional Leste, em Aracati, Normando Soares, e o vice-presidente da Associação dos Cajucultores do Estado do Ceará (Ascaju), Franzé de Sousa.


Franzé de Sousa, que também é produtor e secretário da Agricultura, Recursos Hídricos e Meio Ambiente de Horizonte (Seagrhim), diz que são necessárias medidas de curto prazo urgentes. Entre elas cita, adoção de um preço mínimo para a castanha, assim como ocorre no caso do leite, e assistência técnica dirigida a exemplo do que já foi feito de 2006 a 2008 com o Programa de Modernização da Cajucultura, implantada pelas federações da Agricultura e Pecuária (Faec) e das Indústrias do Ceará (Fiec), Sebrae-CE, prefeitura municipais e produtores.


Os produtores, diretores e membros da Ascaju, adiantam que além dos baixos preços pagos pelo quilo do produto, que variam de R$ 1,10 e R$ 1,20, já foram avisados que vai baixar para R$ 1 ou até menos. “É muito difícil, para nós compreender porque pagam de R$ 1,20/kg a R$ 1,30/Kg pela nossa castanha, enquanto a castanha importada, custou aproximadamente R$ 3,00/kg”, diz Soares. Os produtores acrescentam que não são contra a importação de castanha mas destacam que isso não poderiam ocorrer em plena safra .


O diretor da Ascaju e produtor rural em Limoeiro do Norte, Raimundo Pereira de Menezes, afirma que para pagar pelo menos os tratos culturais o produtor não poderia receber menos de R$ 1,30 por quilo. Sobre as ações organizadas que caracterizariam a formação de cartel no Estado, os produtores citam que na época da safra os industriais se reúnem e combinam o preço que vão comprar. “Se dos oito compradores sete ficarem comprando a R$ 1,20 e um a R$ 1,25, é claro que todos `correm´, para vender no que está pagando mais”, explicam.

Por quê


ENTENDA A NOTÍCIA
Os problemas da cajucultura são conhecidos por produtores, industriais e governantes, sem falar na série de estudos e programas que nunca têm continuidade. Falta decisão política e ação para fortalecer a cultura.

Números

R$ 6,50 - é o preço de 5 kg de castanha de caju para o produtor.

R$ 45,00 - é o preço de 1 kg de amêndoa ao consumidor no Ceará.

R$ 25,00 - é o preço de 1 kg de amêndoa para a indústria.

R$ 65,00 - é o preço de 1 kg de amêndoa ao consumidor para outros estados do Brasil.

Consultor diz que preço baixo no mercado é entrave

JORNAL O POVO – 14/11/2011 – PAGINA ECONOMIA
14.11.2011| 01:30
O preço médio da castanha de caju recebido pelo produtor no Ceará, no período de 1990 a 1994 correspondia a 98% do preço médio mundial que era de US$ 810 a tonelada. No intervalo de 2005 a 2008 caiu para apenas 68%. A afirmação é do engenheiro agrônomo e especialista em política setorial, Yoshio Namekata. Para ele, o produtor está condenado ao esgotamento de suas finanças e "à indiferença da indústria."

Para ele, "a questão central é o baixo preço recebido pelo produtor como conseqüência da sua desorganização e incapacidade de negociar com meia dúzia de empresários fortemente organizados, cartelizados e com poder de ditar os preços." Entre as medidas apontadas para solução do problema cita a abertura do mercado para exportação da castanha, entrada de novos concorrentes internacionais e a aplicação de subsídios à exportação.


O estudioso acrescenta que "no campo, a descapitalização torna-se evidente por causa do baixo preço recebido pelo pequeno produtor rural, abaixo do custo de produção. Avalia que o empobrecimento resultou na incapacidade de realizar novos investimentos e o plantio de novas áreas de cajueiros.


Mesmo com todas as dificuldades o especialista não acha que a cajucultura possa desaparecer dentro de dez anos. "O cajueiro produz continuamente durante mais de 30 anos e a meia dúzia de empresas beneficiadoras continua ampliando seus plantios e melhorando a produtividade", observa.


Na opinião dele, o grande problema é social."A tendência é o desaparecimento de 60 mil pequenos e médios produtores que são mais eficientes na produção agrícola, mas que vão sumir por não suportar o preço abaixo do custo de produção."