quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Conferência do Caju: Países desafiados a processar castanha

OS participantes da Conferência Internacional do Caju que decorre desde ontem em Maputo, coincidem na ideia de uma maior aposta no processamento local da castanha pelos países produtores em África.
Actualmente, o Continente Africano produz metade da castanha comercializada em todo o mundo, estimada em três milhões de toneladas, mas apenas processa 10 por cento dessa produção.
Exportando a castanha em bruto o Continente Africano exporta também os postos de trabalho e, por via disso, o rendimento que as suas populações tanto precisam.
Filomena Maiopue, Directora do Instituto de Fomento do Caju (INCAJU) de Moçambique diz acreditar que o subsector do caju pode jogar um papel chave no desenvolvimento da economia e África pode competir mas para que isso aconteça o continente tem que aprimorar a sua plataforma de agro-negócio e ao mesmo tempo melhorar a visão sobre o futuro comum.
“Devemos explorar correctamente a iniciativa criadora do sector privado para que seja o difusor dos aspectos tecnológicos de produção e de pós-colheita que a nossa investigação dispõe aos produtores. Desta forma estaremos a ampliar a rede de extensão agrária para os que dela necessitam”, referiu Maiopue.
A Directora do INCAJU também falou dos avanços que Moçambique regista no campo da industrialização do caju considerando que o país consegue, actualmente, processar acima de 30 mil toneladas por ano.
Através de uma iniciativa lançada, recentemente, em Oslo na Noruega, a castanha moçambicana mesmo depois de embalada naquele país é comercializada mantendo o nome de Moçambique como país de origem o que constitui um grande ganho para a valorização da produção nacional.
A Conferência Internacional do Caju é o maior fórum mundial do caju. O mesmo liga a investigação com a produção e o mercado, coloca em debate questões cadentes do negócio do caju como comércio ético e a produção orgânica, convida os participantes a reflectirem sobre a competitividade actual e futura bem como os caminhos a trilhar para equilibrar a oferta e a demanda global da castanha com base no aumento da produção e produtividade, utilização cada vez mais de boas práticas de produção, comercialização, processamento e exportação.
Georget Taraf, presidente da Aliança Africana do Caju (ACA) defende que a transformação da castanha do caju é um meio de luta contra a pobreza, por isso, todos os Governos que têm na sua agenda acabar com este mal social têm no caju um instrumento para vencer essa luta.
“Os países africanos têm que se ajudar para que a criação da riqueza, através do caju, fique em África. A indústria deve trabalhar para reforçar as ligações com os mercados e reduzir os custos de produção”, referiu Georget Taraf.
Já o antigo presidente e fundador da ACA, Carlos Costa defendeu primeiro que, África precisa de intensificar o processamento local da castanha. Para isso aponta que os países, sobretudo, os Governos precisam disponibilizar informação sobre as condições para o investimento em África.
“Os números que existem mostram que há um crescimento na capacidade de processamento local da acastanha em África mas esse número continua insignificante tendo em conta que não passa, até agora, dos dez por cento da produção global”, lamentou Carlos Costa.
De referir que a ACA é considerada a face africana do agro-negócio do caju. Desde a sua criação há cerca de dez anos na Guiné-Bissau, este organismo tem servido de alavanca para o desenvolvimento cada vez crescente da produção em todos os países africanos produtores de castanha de caju.