quinta-feira, 8 de março de 2012

Brasail deve importar 100 mil ton de castanha ´in natura

País deve importar 100 mil ton de castanha ´in natura´ PARA BENEFICIAR  Fonte; JORNAL DIARIO DO NORDESTE (NEGOCIOS) Fortaleza/CE 08.03.2012
O Ceará concentra a maisor produção e o beneficiamento de castanha de caju no território nacional

Quantidade representa um acréscimo de 122% em relação ao que foi importado em 2011, ou seja, 45 mil toneladas
O Brasil deverá importar, somente neste ano, um volume de 100 mil toneladas de castanha de caju para serem processadas nas fábricas nacionais, a maior parte delas, localizadas no Ceará.
A quantidade representa um acréscimo de 122% em relação ao que foi importado em 2011, que foi de 45 mil toneladas.
A informação foi antecipada na manhã de ontem, pelo presidente do Sindicaju (Sindicato das Indústrias de Beneficiamento de Castanha de Caju e Amêndoas Vegetais do Ceará), Evilázio Marques, durante encontro com exportadores indianos de castanha "in natura".
A Índia é o segundo maior produtor mundial de castanha, atrás apenas do Vietnã. O Brasil, que possui produção e beneficiamento concentrados no Ceará, ocupa hoje a terceira posição. De acordo com Marques, o Brasil possui uma capacidade instalada para o beneficiamento da castanha de caju de 600 mil toneladas/ano. Contudo, a produção nacional gira em torno de 250 a 300 mil toneladas.
"Nós damos, sempre, preferência à castanha nacional. Mas, como a produção do País não é suficiente, temos que importar", afirma. Ele aponta que 2011 foi o primeiro ano em que se realizou uma importação em larga escala da matéria-prima, na ocasião, trazida da África do Sul.

Exportação de amêndoas
No ano passado, o Brasil exportou 26 mil toneladas de amêndoas de castanha de caju processadas, o que gerou faturamento de US$ 227 milhões. Caso a capacidade instalada fosse utilizada em sua totalidade, o País poderia ter gerado divisas estimadas em US$ 500 milhões.
"A castanha é um produto de grande aceitação em todo o mundo, movimentando um valor de US$ 1 bilhão", destaca Marques. Do total de castanha beneficiada exportada pelo País, ele afirma que mais de 90% são provenientes do Ceará, havendo uma pequena produção, em torno de 5% do total, no Rio Grande do Norte e de apenas 2%, no Piauí.
Em relação à importação, intermediada pelo empresário indiano, que se encontra em visita ao Ceará, com objetivo de vender castanha in natura do continente africano, Marques afirma: "eu acho louvável a vinda dele, porque mostra o respeito dos empresários do mundo às nossas empresas associadas". Revela também o interesse dos exportadores mundiais de suprir a demanda reprimida do mercado.

Relevância social
Além de ser o principal produto da pauta de exportações e um dos principais geradores de divisas do Estado, a castanha de caju é de grande relevância social para o Ceará.
O agronegócio do Caju gera, atualmente, dez mil empregos diretos e 35 mil indiretos, promovendo emprego e renda, justamente no período de entressafra das demais culturas, no campo.
Insuficiência
600 mil toneladas é a capacidade instalada atual da indústria nacional, porém a produção brasileira somente chega a 300 mil toneladas

263 TONELADAS DE AMÊNDOAS DE CASTANHA DE CAJU VIRAM CINZAS

JORNAL O POVO – Online – Economia
Dinheiro público23/02/2012 - 01h30
263 toneladas de castanha viram cinzas
A Justiça Estadual mandou jogar no fogo quase 11 mil caixas de castanhas de caju que apodreceram num dos armazéns da Conab. O estoque estava penhorado pelo BB como única garantia para abater uma dívida federal, feita há dez anos por cajucultores cearenses.
A essa hora, talvez ainda restem alguns quilos para botar no fogo. Assim disse o porteiro da fábrica Roguimo, que produz cera de carnaúba. A indústria fica no km 12,5 da BR-222. É lá que 263 toneladas de castanhas de caju, uma pequena montanha do produto que já esteve pronto para exportação, estão sendo usadas como... lenha. E pior: porque apodreceram sem alimentar ninguém e eram a única garantia de um empréstimo milionário feito junto ao Governo Federal.
O POVO tentou fazer o registro fotográfico da incineração na semana passada, última quarta-feira, dia 15, mas os donos da empresa não autorizaram o acesso. É tanta castanha que a incineração começou desde o fim de janeiro e ainda há bastante “lenha” para jogar às labaredas. A situação inusitada é parte de uma grande pendenga judicial entre gente da cajucultura cearense e o setor de cobrança do Banco do Brasil (BB). Uma história que começou há mais de dez anos. A verba federal, repassada através do Banco do Brasil, teria sido superior a R$ 6 milhões, mas a dívida nunca foi saldada.
As amêndoas estragaram após uma década de entraves jurídicos protagonizados pelo BB e as partes devedoras: a Cooperativa dos Produtores de Caju do Ceará (Cocaju) e as empresas Irmãos Fontenele S/A e Agroindustrial Gomes. Os 263.328 quilos chegaram a ser recolhidos pelo banco em 2002 para penhora judicial. Um ano depois do vencimento para pagar o empréstimo, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em fábricas de Fortaleza e Uruburetama. Seriam a garantia da dívida.
Desde setembro daquele ano, porém, ficaram armazenadas num dos galpões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em Maracanaú. Sem que fossem negociadas ou nem sequer doadas para instituições de caridade, enquanto poderiam ter sido. “Nós apenas alugávamos os galpões”, garante o superintendente da Conab, Eude Guedes.
Foi lá, pelo tempo, que se deterioraram. As castanhas estavam embaladas em 10.972 caixas (de 24 kg cada). Era um estoque da safra 2000/2001. Já não serviam mais nem para adubo ou alguma possibilidade de consumo animal ou humano. Uma carga dessas fica perecível após dois anos. O tipo de embalagem era o ideal para exportação, mas válido apenas no prazo devido. A decisão para que fossem jogadas ao fogo foi definida pela juíza estadual Dilara Pedreira Guerreiro de Brito, da 1ª Vara Cível, no dia 14 de novembro do ano passado. A própria Conab requisitou a incineração. Já nos primeiros anos de armazenamento foi confirmado que o produto havia apodrecido.
E Agora
ENTENDA A NOTÍCIA
E quem pagará essa conta, gerada com dinheiro público? O Banco do Brasil confirma que seguirá o processo judicial, para cobrar o empréstimo feito pelos cajucultores locais. As empresas já não têm o porte financeiro de uma década atrás e a Cocaju nem existe mais.
Números
263.328 Quilos é a quantidade de castanhas de caju que está sendo incinerada, após terem apodrecido nos armazéns da Conab
200 Gramas é o peso médio de um pacote de castanhas que costuma ser adquirido por consumidores em pontos de venda
13.166.400 Pacotes de 200g é a quantidade que a carga incinerada poderia ser transformada
R$ 6 milhões é o valor do débito que estaria sendo cobrado pelo BB, segundo o advogado da Cocaju. O BB não conforma a cifra