segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Produtores denunciam formação de cartel

Em plena safra da castanha produtores reclamam do preço do produto e da dificuldade de continuar produzindo
14.11.2011| 01:30 – JORNAL OPOVO _ PAGINA ECONOMIA
Produtores reclamam dos preços baixos pagos pelo quilo do produto, quevariam de R$ 1,10 e R$ 1,20. Alertam ainda que foram avisados que vai baixar para R$ 1 (BANCO DE DADOS)
Produtores de castanha de caju afirmam que a situação para quem produz o primeiro produto, isoladamente, da pauta de exportação do Ceará, é desesperadora. Insatisfeitos, denunciam prática de cartel para formação de preço e pedem que o Governo do Estado adote medidas urgentes para evitar que a cajucultura, assim como a cultura do algodão, desapareça dentro de poucos anos causando enorme prejuízo econômico e social.

Preço da castanha, que não remunera os custos de produção; lucro concentrado entre os atravessadores, especuladores e os industriais e a falta de adoção de tecnologias no campo por causa da falta de assistência técnica, aliado a idade avançada e a baixa produtividade dos pomares. Esses são os principais problemas apontados pelo vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Regional Leste, em Aracati, Normando Soares, e o vice-presidente da Associação dos Cajucultores do Estado do Ceará (Ascaju), Franzé de Sousa.


Franzé de Sousa, que também é produtor e secretário da Agricultura, Recursos Hídricos e Meio Ambiente de Horizonte (Seagrhim), diz que são necessárias medidas de curto prazo urgentes. Entre elas cita, adoção de um preço mínimo para a castanha, assim como ocorre no caso do leite, e assistência técnica dirigida a exemplo do que já foi feito de 2006 a 2008 com o Programa de Modernização da Cajucultura, implantada pelas federações da Agricultura e Pecuária (Faec) e das Indústrias do Ceará (Fiec), Sebrae-CE, prefeitura municipais e produtores.


Os produtores, diretores e membros da Ascaju, adiantam que além dos baixos preços pagos pelo quilo do produto, que variam de R$ 1,10 e R$ 1,20, já foram avisados que vai baixar para R$ 1 ou até menos. “É muito difícil, para nós compreender porque pagam de R$ 1,20/kg a R$ 1,30/Kg pela nossa castanha, enquanto a castanha importada, custou aproximadamente R$ 3,00/kg”, diz Soares. Os produtores acrescentam que não são contra a importação de castanha mas destacam que isso não poderiam ocorrer em plena safra .


O diretor da Ascaju e produtor rural em Limoeiro do Norte, Raimundo Pereira de Menezes, afirma que para pagar pelo menos os tratos culturais o produtor não poderia receber menos de R$ 1,30 por quilo. Sobre as ações organizadas que caracterizariam a formação de cartel no Estado, os produtores citam que na época da safra os industriais se reúnem e combinam o preço que vão comprar. “Se dos oito compradores sete ficarem comprando a R$ 1,20 e um a R$ 1,25, é claro que todos `correm´, para vender no que está pagando mais”, explicam.

Por quê


ENTENDA A NOTÍCIA
Os problemas da cajucultura são conhecidos por produtores, industriais e governantes, sem falar na série de estudos e programas que nunca têm continuidade. Falta decisão política e ação para fortalecer a cultura.

Números

R$ 6,50 - é o preço de 5 kg de castanha de caju para o produtor.

R$ 45,00 - é o preço de 1 kg de amêndoa ao consumidor no Ceará.

R$ 25,00 - é o preço de 1 kg de amêndoa para a indústria.

R$ 65,00 - é o preço de 1 kg de amêndoa ao consumidor para outros estados do Brasil.

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