sábado, 29 de novembro de 2014

ZAMBÉZIA - Castanha processada não dispõe de mercado

A CASTANHA processada está a encontrar muitas dificuldades de mercado porque os comerciantes asiáticos rejeitam-na pelo facto de não haver aproveitamento dos seus derivados nos mercados de destino depois da exportação.
Aliado a este problema, está a falta de lojas locais para a sua comercialização, bem com a ausência de estabelecimentos que se dedicam a comercialização de insumos de produção e os baixos preços impostos pelos compradores.
Estes são os grandes problemas que afectam os produtores do caju da província da Zambézia, que foram aflorados durante o lançamento da campanha de comercialização e da 2.ª edição da feira provincial de caju havida há dias na região de Mamala, no distrito de Gilé.
Os produtores entrevistados pela nossa Reportagem afirmaram que a castanha processada tem qualidade e pode ser conservada em condições higiénicas aconselhadas em sacos plásticos de meio e de um quilograma, mas mesmo assim não tem compradores.
Helena Alberto, membro da Associação de Mulheres de Nabure em Pebane (AMUNAP), que participou na 2.ª edição da feira do caju, disse que para além do problema de falta de compradores os produtores debatem-se com a ausência de armazéns para a conservação da produção, o que concorre para a perda de qualidade da castanha.
A nossa entrevistada afirmou que os membros da sua associação têm em seu poder quantidades consideráveis da castanha do caju das campanhas anteriores, mas por falta de condições de armazenamento para uma melhor conservação acaba por se deteriorar e como saída os produtores optam por processá-la para a comercialização. “Essa castanha processada ninguém compra só quando há feira do caju é que aparecem pessoas de Quelimane, Mocuba e outros pontos do país para comprarem. A feira do caju é a única oportunidade que temos para a comercialização”, disse Helena Alberto para quem os 11 membros da associação a que pertence têm, neste momento, uma tonelada e meia da castanha.
Clive Castigo, outro membro da mesma associação que participou na exposição, disse que os comerciantes bengalis impõe preços e nalguns casos exageram quando obrigam os produtores a venderem um quilograma por 16 meticais.
Os membros daquela associação para além de produzirem também compram de outros produtores numa tentativa de aumentar a renda dos associados.
Entretanto, Artur Gonçalves é produtor da castanha do caju no distrito do Gilé. Contrariamente aos outros produtores afirma que nunca cedeu à pressão dos comerciantes asiáticos. Gonçalves disse à nossa Reportagem que ele vende um quilograma por 18 meticais e para esta campanha espera comercializar uma tonelada e meia.
O nosso interlocutor deu a conhecer à nossa Reportagem que está a exercer a actividade desde 2003 e com os ganhos da sua actividade já construiu uma casa melhorada e colocou os seus filhos a estudarem.
Outra preocupação apresentada pelos produtores é a falta de estabelecimentos comerciais que vendem insumos de produção, nomeadamente máquinas de processamento, com respectivos acessórios e meios de protecção, já que trabalham com a castanha em bruto.
Entretanto, os produtores apresentaram uma mensagem por ocasião do lançamento da campanha e da 2.ª edição da feira do caju em que apelam ao Governo de modo a mobilizar comerciantes honestos para comercializarem a produção em seu poder.
Na ocasião, a secretária provincial da Zambézia, Elisa Somane, desafiou os produtores para incrementarem os níveis de produção e produtividade, com vista a aumentarem a renda familiar para resolverem problemas de saúde e educação. Segundo Somane, o subsector do caju deve monitorar as estatísticas de produção e comercialização para avaliar o nível de desempenho da província da Zambézia, uma vez que, por falta de controlo, há uma grande quantidade da castanha que sai a partir do Porto de Nacala e consta nas estatísticas da província de Nampula, distorcendo, deste modo, os dados da comercialização daquela cultura de rendimento.
Na ocasião, o melhor produtor Artur Gonçalves, de Gilé, recebeu vários prémios em reconhecimento do seu trabalho que tem estado a desenvolver, em que se inclui uma bicicleta, insumos de produção, telemóvel e diploma. Os outros premiados foram Sualey Abdul, melhor provedor, Olímpio Ualuto, supervisor que recebeu um cheque de 20 mil meticais e Henriques Tomocine, melhor extensionista.
Jocas Achar

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