terça-feira, 1 de julho de 2014

Vendas de castanha de caju caem 26,14% no ano

publicado: http://tribunadonorte.com.br/noticia/vendas-de-castanha-de-caju-caem-26-14-no-ano/286295 - 29 de Junho de 2014 às 00:00 
castanha de caju foi o produto que sofreu a maior variação negativa na pauta de exportações da fruticultura. Enquanto que em 2013 o Rio Grande do Norte acumulou nos primeiros cinco meses do ano valor exportado do produto equivalente a 12,9 milhões de dólares, no mesmo período de 2014, esse valor caiu para a casa dos 9,5 milhões, o que representa queda de 26,14%. A seca que impactou o estado nos últimos dois anos é o principal fator apontado por especialistas para o resultado negativo.

A queda da castanha de caju na pauta de exportação é vista como o principal motivo para os números das exportações de fruta do RN neste início de ano. “Como é o segundo item de frutas da pauta de exportação, quando ela cai, puxa todo mundo para baixo”, diz Otomar Lopes Cardoso Júnior, especialista em comércio exterior.

A razão para a queda ainda é efeito da seca, seguo Otomar Lopes. “Como não tem matéria-prima suficiente, o preço subiu, levando à perda de competitividade na exportação. Com menos produção, o insumo subiu de preço e as usinas passaram a beneficiar. Ainda tem castanha, mas não na quantidade e no preço desejados”, avalia o especialista. “Mas a expectativa é que a produção recupere os níveis anteriores, em função das chuvas, que bem ou mal estão vindo”, completa.

O gestor do projeto de fruticultura do Sebrae-RN, Franco Marinho Ramos, concorda que a seca prolongada prejudicou os pomares, mas tem expectativa de que o setor se recupere. “A perspectiva é que nesse ano comece a recuperar, mas a partir do segundo semestre. Com as chuvas que tivemos na região produtora, temos uma sinalização para que melhore. Mas o produtor também tem que fazer a renovação do pomar, aplicar tecnologia e fazer correção de solo”, analisa.

Têxtil
Ao contrário de outros itens da pauta de exportações do agronegócio do Rio Grande do Norte, a venda de tecidos para o exterior registrou números positivos, com crescimento de 104,99% de janeiro a maio de 2014, no comparativo com o mesmo período do ano passado. O valor exportado de fibras e produtos têxteis, grupo da pauta que engloba fios, linhas e tecidos de algodão, de um lado, e vestuário e outros produtos têxteis, de outro, registrou 10,2 milhões de dólares em vendas para fora do país, contra 4,9 milhões contabilizados no mesmo período do ano passado.

Para o especialista em comércio exterior, Otomar Lopes Cardoso Júnior, a razão para os bons números está atrelada a Vicunha, que aparece como a maior exportadora do estado, graças as exportações e tecido. “O que é bastante interessante é que ela [Vicunha] conseguiu exportar para vários países, em cinco, principalmente do continente americano. Provavelmente ela deve ter encontrado algum comprador nesses países porque cresceu muito a exportação de tecido”, diz.

A TRIBUNA DO NORTE procurou a Vicunha Têxtil para comentar os números, mas a companhia optou por não comentar o assunto.

Bate-papo - Otomar Lopes Cardoso Júnior

Castanha puxou a fruticultura para baixo

A pauta de exportação agrícola do RN, assim como do Nordeste, sofreu queda nos primeiros meses de 2014. O que motivou isso?
A queda das frutas se deu principalmente por causa da castanha. Como é o segundo item de frutas da pauta de exportação, quando ela cai, puxa todo mundo para baixo. O melão também caiu, mas foi a castanha que puxou a fruticultura para baixo.
No caso da castanha, a queda ainda é efeito da seca. Como não tem matéria-prima suficiente, o preço subiu, levando à perda de competitividade na exportação. Com menos produção, o insumo subiu de preço e as usinas passaram a beneficiar. Ainda tem castanha, mas não na quantidade e no preço desejados. Mas a expectativa é que a produção desse ano recupere os níveis anteriores, em função das chuvas, que bem ou mal estão vindo.

Outros produtos apresentaram variação na pauta geral de exportações, como o sal e o minério de ferro. Por quê?
O sal teve produção maior por causa da seca. O único efeito positivo da seca na economia produtiva é esse, por causa da evaporação maior. O sal é sempre sazonal.
Já sobre o minério de ferro, nós exportamos principalmente para a China e o minério de ferro sofreu queda na cotação no mercado internacional, então não sei se essa queda permitiu um maior volume de compra pela China. O que é bom para quem importa e ruim para nós, que exportamos, que temos que produzir mais para garantir o lucro. O ferro tem uma característica de exportação sempre em grande volume, ou seja, exportar um navio a mais significa um crescimento muito grande. Mas se o preço cai, apesar de ainda ter comprador, é ruim porque diminui a receita. Se produz mais para ganhar praticamente a mesma coisa.

Quais as perspectivas para as exportações daqui para frente?
Temos duas expectativas: uma é o camarão, que retornou à pauta, mas ainda não dá para dizer se isso foi tendência ou efeito passageiro. 
A outra é relacionada à fruticultura. A Expofruit não aconteceu em 2013, mas acontecerá em 2014, então há expectativa de que nessa edição se consiga alavancar o setor. E a chuva dá um alívio porque beneficia o lençol freático. Nossa fruticultura é tropical, mais irrigada, então está chovendo na hora certa.

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