Agricultura quer renovar decreto de emergência
SECRETÁRIO ATUALIZA CÁLCULOS DOS PREJUÍZOS TRAZIDOS PELA ESTIAGEM NO RN E CHEGA A R$ 3,8 BI; POR ISSO, E PELA FALTA DE ÁGUA, RECOMENDARÁ RENOVAÇÃO DA EMERGÊNCIA
07:32 27 de Fevereiro de 2014
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Nadjara Martins
DO NOVO JORNAL
DO NOVO JORNAL
O quadro da seca no Rio Grande do Norte, que já era preocupante, agora revela-se ainda pior: segundo dados atualizados do governo, a estiagem que castiga o Rio Grande do Norte há dois anos já trouxe um prejuízo de R$ 3,8 bilhões para a produção agropecuária do estado, ou seja: quase quatro vezes mais do que havia se estimado anteriormente.
Entre as culturas mais afetadas estão a cana-de-açúcar, milho, feijão, sorgo, além da pecuária, que perdeu 200 mil cabeças somente em 2013. Fechando o bonde vem a castanha de caju, um dos principais produtos de exportação do estado, que reduziu em 50% a sua produção.
Entre as culturas mais afetadas estão a cana-de-açúcar, milho, feijão, sorgo, além da pecuária, que perdeu 200 mil cabeças somente em 2013. Fechando o bonde vem a castanha de caju, um dos principais produtos de exportação do estado, que reduziu em 50% a sua produção.
Foto: Ney Douglas/NJ.
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Garoto observa chão rachado de reservatório seco no interior do RN
Por causa da situação caótica, a Secretaria de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca (Sape) elaborou um relatório em que recomenda ao governo do estado a renovação do decreto de situação de emergência. Caso seja atendido, o decreto chegará a sua quarta renovação.
O decreto que trata sobre a seca foi publicado pela primeira vez em 11 de abril de 2012, baseado em relatórios de órgãos técnicos, como a Secretaria de Recursos Hídricos (Semarh) e Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn). Na época, 139 municípios estavam em situação de emergência. Segundo o último boletim da Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern), outros 36 municípios estavam em colapso ou em situação de risco no abastecimento.
De acordo com o relatório da secretaria de agricultura, finalizado no começo de fevereiro, mesmo as chuvas que pingaram no estado durante o inverno de 2013 não conseguiram garantir a retomada da produção, que já vinha em decréscimo. As precipitações que caíram nas microrregiões do Seridó, Borborema, Agreste, Serra de Santana, Baixa Verde e Chapada do Apodi ficaram abaixo de 500 milímetros durante todo o inverno.
Devido às chuvas ainda escassas do ano passado, os produtores e o governo ainda estão com “um pé atrás” com relação às precipitações “normais” que foram previstas para o inverno de 2014, que ficariam em torno de 600mm durante os primeiros três meses de inverno (março, abril e maio). “Nós estamos entrando no terceiro ano consecutivo de seca. Ainda estamos meio inseguros com relação a chuvas regulares para este ano”, admite o presidente da Federação de Trabalhadores da Agricultura do Rio Grande do Norte (Fetarn), João Cabral.
De acordo com Cabral, entre as culturas mais prejudicadas estão a mandioca, que teve uma redução de 305 toneladas produzidas para 235 toneladas, e o rebanho bovino do estado, que perdeu R$ 1,2 milhão em 2013 – a terceira maior perda de rebanho do país.
“A produção da mandioca era massa, folha e farinha, e hoje é mais direcionada para a ração animal. Como esta é uma demanda muito grande, devido à falta de forragem, se torna também muito cara. A seca também gera essa inflação e aumenta o preço da ração dos animais”, explica Cabral. De acordo com o presidente da Fetarn, mesmo a baixa produção de farinha do estado – que abastece, basicamente, o mercado interno – foi inflacionada: um quilo de farinha chegou a custar R$ 8. Hoje, a produção de farinha não é suficiente para atender à necessidade do estado, e o governo começou a importar o produto de estados como Pernambuco e Bahia.
A seca prejudicou os dois setores: com a escassez das chuvas, rareou a folhagem usada para alimentar o gado. Com isso, os produtores começaram a procurar a maniva – raiz da mandioca – para alimentar o rebanho. A grande procura levou ao aumento dos preços e, por conseguinte, a redução da oferta. “Faltou maniva para o replantio da mandioca”, explica o secretário de agricultura do estado, Tarcísio Bezerra.
De acordo com Bezerra, o governo solicitou a Emater que realizasse um estudo sobre a quantidade de maniva necessária para reabastecer o produtor de mandioca do estado. “O consumo se elevou muito por causa da falta de forragem. Nós estamos trabalhando em projeto para repor essa área. A Emater vai avaliar qual o tamanho da área que precisa ser reposta e a quantidade necessária de maniva. Nós vamos comprar para repor a produção”, adiantou.
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